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Desenvolvimento Infantil

Desenvolvimento cognitivo
O desenvolvimento cognitivo abrange as capacidades mentais como pensamento, atenção, memória, raciocínio, linguagem, percepção e criatividade. Os aspectos cognitivos também estão diretamente ligados aos aspectos afetivos. Crianças recém-nascidas aprendem de acordo com o que veem, ouvem, cheiram, degustam e tocam.
Desde muito cedo, com poucos meses de vida, a criança já desenvolveu a percepção visual, tem capacidade de fazer distinções e, portanto, ter uma preferência visual. Por exemplo, um bebê prefere mamar olhando para uma boneca de pano do que para outro brinquedo qualquer, que, se colocado no lugar da boneca há um estranhamento e ela pára de mamar. Um bebê também já é capaz de reconhecer objetos, acompanhando-os com os olhos, seu comportamento é governado pela informação visual.
O desenvolvimento da memória e da capacidade de atenção se expande a partir dos três anos, quando o reconhecimento e a recordação (de imagens, de fatos, de pessoas) também aumentam. A capacidade das crianças retomarem as lembranças é influenciada pelo modo como os adultos perguntam a elas sobre os fatos passados. Entre os três e seis anos, a criança tem facilidade de memorização; usa a técnica de decorar quando precisam lembrar de algo e já tem muita facilidade em aprender coisas novas, como imitar gestos, repetir o que o outro fala. Com poucos meses, a criança também tem capacidade de lembrança e está ligada a um contexto específico de uma recordação a alguma experiência que já ocorreu.
O desenvolvimento da linguagem começa a ocorrer desde o primeiro dia de vida com a fala pré-lingüística, como o choro, o balbucio, o reconhecimento dos sons. Nesse momento, o papel do adulto é indispensável no desenvolvimento da criança, pois ele terá de interpretar e dar significado a esses sinais da linguagem. Wallon (apud FONSECA, 2008) analisa os gestos e movimentos das crianças como expressões, uma linguagem não verbal. Antes de adquirir a linguagem falada, os gestos são a forma de comunicação da criança. Já a fala, que expressa verbalmente um significado, se inicia quando a criança diz sua primeira palavra, em torno dos dez aos quatorze meses.
Nesse período a criança já compreende muitas palavras, mas não consegue falar todas, o que ocorrerá paulatinamente. Não só a maturação cerebral exerce grande influência no desenvolvimento da linguagem, mas também a interação social, a influência da família. Conversar, ler em voz alta para a criança desde cedo ajuda no crescimento de seu vocabulário e no domínio da linguagem.
A capacidade de percepção do mundo e das coisas a sua volta se desenvolve nos primeiros meses conforme o cérebro se desenvolve. Se uma criança é privada de situações que permitam a ela o contato com experiências que possam desenvolver sua percepção do mundo e das coisas, possivelmente será mais lento o seu processo de desenvolvimento perceptual.
A percepção dos objetos entre os dois ou três anos e sua descoberta a partir da manipulação torna possível a organização das primeiras representações mentais da criança (FONSECA, 2008). A criança passa a conhecer os objetos não só quando age sobre eles corporalmente, tátil e cinestesicamente, mas também aprende com a prática do outro, ou seja, a relação da criança com os objetos em constante interação com outros sujeitos passa a ser não apenas uma ação de execução ou manipulação, mas uma fonte de estímulos para a atividade mental e passa a encontrar para cada objeto o seu significado.

Desenvolvimento psicossocial
Os primeiros sinais dos sentimentos dos bebês são passos importantes no seu desenvolvimento. Eles demonstram claramente quando estão tristes ou alegres. Chorar, sorrir, expressões faciais, o movimento são alguns dos primeiros sinais de emoções.
Como os bebês dependem dos adultos para satisfazer suas necessidades básicas, compreender as emoções do bebê como uma função comunicativa é de fundamental importância para o seu desenvolvimento. O choro, mesmo sendo uma característica decorrente de estados de desconforto fisiológico, principalmente nos primeiros meses de vida, adquire um valor de expressão e, posteriormente, as frequências do choro mudam e vão adquirindo um valor que demonstram as emoções e sentimentos da criança, por exemplo, chorar pela ausência da mãe.
O sorriso também se constitui uma expressão de sentimento da criança que revela satisfação, alegria. Seja com poucos meses ou durante toda a infância, os relacionamentos socais das crianças são proporcionados pelo contato que tem, principalmente com outras crianças nas atividades de brincar. A partir das brincadeiras, dos jogos, do faz-de-conta as crianças se descobrem, expõem suas emoções e aprendem a se relacionarem com o outro.
Crianças com mais de três anos já são capazes de falar sobre seus sentimentos e expressar com mais clareza suas emoções. Nesse período já se pode distinguir o temperamento das crianças que é o modo de como fazem algo ou como expressam.
Vários fatores de ordem social e cultural podem influenciar o desenvolvimento psicossocial da criança desde os primeiros meses de vida, como características e condições da sua família, quais os costumes e hábitos dessa família, o envolvimento do pai e da mãe no cuidado e educação dos filhos.
O apego e a confiança, segundo Bee (2003), são alguns dos sentimentos mais comuns no primeiro ano de vida da criança, principalmente do bebê com a mãe. Como os bebês necessitam desse cuidado que os pais proporcionam, eles se sentem apegados a eles até o momento em que essa necessidade vai diminuindo. Em torno dos três anos, a medida que amadurecem física, cognitiva e psicossocialmente, as crianças buscam autonomia e independência dos adultos aos quais estão apegados, ou seja, os pais.
A partir do momento em que os pais ou a sociedade em que a criança está inserida adota certos hábitos, a criança pode se apropriar desses hábitos e ser influenciada a adotá-los, compreendendo que ela não é um ser vazio.
Deve-se considerar que cada criança tem suas características próprias e que o mesmo meio pode ter efeitos bem diferentes em cada uma, dependendo dessas características que ela traz para essa interação (BEE, 2003). A personalidade e as características próprias da criança não são determinadas só pelos padrões genéticos e biológicos. "A criança nasce com certas tendências comportamentais, mas o resultado depende das transações entre as suas características iniciais e as respostas do meio" (BEE, 2003, p. 299).
A partir da compreensão de como ocorre o desenvolvimento das crianças nos aspectos físico, cognitivo e psicossocial, é necessário considerar que não acontecem dissociados um do outro.

Desenvolvimento do pensamento e da linguagem

A criança começa a pensar e perceber o mundo desde poucos meses de vida. Mas por volta dos três anos de idade, começa a perceber e pensar o mundo de uma forma mais sofisticada, ou seja, o mundo se torna mais organizado à medida que compreende a identidade das coisas e das pessoas, tem uma noção de espaço, consegue responder determinadas perguntas, tem a capacidade de lidar com situações em que já consegue estabelecer determinadas diferenças.
Uma característica geral do pensamento infantil, segundo Vigotski (2000) é o egocentrismo, ou seja, crianças em idade pré-escolar têm um pensamento rígido, capturado pelas aparências e preso à sua própria perspectiva. Quando uma criança em idade pré-escolar está desenvolvendo alguma atividade como, por exemplo, pintando um desenho, ela fala sozinha, de acordo com o que está pensando em fazer, como se estivesse "pensando em voz alta". Com o passar do tempo, com a criança já um pouco mais velha, essa fala egocêntrica se transforma em fala interior, ou seja, pensa para si própria.

A fala inicial da criança não é uma fala imatura. Se uma criança não consegue falar sobre algo que viu, não significa que ela não compreendeu, mas que ela não consegue ainda sequenciar as palavras suficientes da ação. Isso porque o vocabulário da criança não é tão amplo. O contato com os pais, outros adultos e crianças mais velhas favorecem à criança, desde tenra idade a progredir sua linguagem, através de diálogos e reforço. Dessa forma, se a criança convive em um meio familiar em que as pessoas não conversam muito com ela, possivelmente essa criança terá menos oportunidade de desenvolver a linguagem socialmente.

 A influência da sociedade e da cultura na formação da personalidade e no comportamento da criança

As formas de comportamentos podem ser aprendidas de acordo com as experiências de cada um no mundo. As características da personalidade e comportamento das crianças interagem com o meio a qual esta se encontra, de forma que esse meio pode modificar ou reforçar comportamentos próprios. Por exemplo, a intensidade com que os pais dão carinho seus filhos pode desenvolver na criança comportamentos mais afetivos, de apego ou comportamentos mais frios, de distanciamento.
Muitos comportamentos são aprendidos e podem ser modificados de acordo com a situação e o meio em que a criança se encontra. Uma criança pode ser sorridente tanto em casa como na escola porque é estimulada por outras pessoas a ter comportamentos assim em ambos os meios. Outra criança pode ser sorridente em casa, mas muito séria na escola porque as situações e as pessoas com quem se relacionam na escola não lhe proporcionam desenvolver certos comportamentos.
Desde os primeiros dias de vida, a maneira como a mãe cuida do bebê no momento da amamentação gera na criança comportamentos diferenciados. Mahler, Pine e Bergman (2002) relatam experiências de observações em que comparam o comportamento de mães durante a amamentação. Uma delas permanecia bastante carinhosa, com seu rosto na direção do rosto do bebê e sorrindo para ele. Percebia-se que o comportamento do bebê expressava satisfação e prazer. Uma outra mãe preferia dar mamadeira pro seu filho ao invés de amamentá-lo no seio. Ela se mantinha um pouco fria com relação ao filho, não olhava nos olhos dele e, assim, o bebê se comportava de uma forma inquieta, pois tinha carência de um cuidado materno mais profundo.
Nos primeiros meses de vida, os pais são os principais responsáveis a estimular a criança a adotar comportamentos futuros positivos.
Situações que geram ciúmes, como por exemplo, o nascimento de um irmão, pode desenvolver na criança comportamentos diferenciados (cair e se machucar de propósito, chorar mais, etc) (MAHLER, PINE E BERGMAN, 2002). Cabe aos pais, então, lidar com essa situação, educar e agir com seu filho de forma que ele não se torne futuramente agressivo, pois quanto mais ocorram traumas para a criança ou situações desagradáveis e quanto menos favoráveis sejam as experiências que passa nos primeiros anos de vida, maior será a tendência de, posteriormente, a criança passar por dificuldades na formação de personalidade e atitudes negativas de comportamento.
Crianças de famílias cujos pais são mais apoiadores, cuidadosos e carinhosos tendem menos a apresentar comportamentos agressivos. Crianças que vivem em família que impõe regras consistentes tendem a ser mais competentes e seguras de si mesmas.
 Deve-se considerar também que a influência dos pais sobre os filhos não funciona como uma regra, pois então todos os seus filhos teriam características iguais. Cada criança tem uma capacidade de aprendizagem diferente. A maneira que os pais educam seus filhos pode ser igual, mas o que um compreende de uma maneira é diferente para o outro, depende muito do desenvolvimento do pensamento e das capacidades cognitivas de cada um; isso justifica porque irmãos de uma mesma família se tornam muito diferentes.
 Quando a criança entra em contato com outras crianças, em espaços onde acontecem a Educação Infantil orientada por profissionais, é que ela pode conhecer diferentes costumes e culturas. Assim, o papel do educador é buscar entender as diferenças de cada uma e fazer com que elas se respeitem.
 Desse modo, não só o meio é importante como também os sujeitos que dele fazem parte. O contato e as relações com os outros proporcionam à criança diversas aprendizagens e descobertas.