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Atendimento de Adolescentes, Adultos, Idosos. Sessão Individual, Casal e Familiar, em Consultório ou em Domicílio (para casos específicos). Orientação Psicológica Online via Skype.

Sentimento de Abandono

Existem duas maneiras de perder e de se separar. Às vezes, a decisão é nossa; às vezes, somos submetidos a isso. No primeiro caso, a perda se torna suportável, porque podemos controlá-la; no segundo, é mais difícil. Quando nossos pais morrem, quando somos abandonados por uma pessoa que amamos, todos nós, crianças e adultos, ficamos à mercê desse sentimento de abandono que provoca um desespero absoluto.
O medo do abandono é sem dúvida uma das coisas mais bem distribuídas do mundo. Ninguém nunca conseguirá se livrar desse medo totalmente. É como se no fundo de nós existissem guardadas as marcas do tempo da fusão mãe/filho em que não podíamos satisfazer sozinhos nossas necessidades e a angústia de que a ausência da mãe se prolongue indefindamente nos pondo em perigo de morte. No fundo de cada um de nós há uma criança insegura adormecida.

O sono e a criança

"Os distúrbios do sono são o principal motivo de consulta de crianças pequenas. Na ausência de algum sintoma fisiológico (dificuldade respiratória, regurgitações, etc.) exprimem uma dificuldade de se separar dos pais e ficar sozinhas. O recém-nascido adormece nos braços da mãe ou do pai, saciado e protegido, e pode então ser colocado no berço sem que desperte. Mais tarde, quando abrir os olhos, começará a chorar, porque tem fome, talvez, e mais provavelmente para chamar os pais para perto dele. À medida que vai crescendo, sente-se cada vez mais seguro, consegue adiar cada vez melhor a satisfação de suas necessidades e suportar a espera. As insônias do primeiro semestre são um sinal de que o bebê continua numa relação fusional. Precisa estar o tempo todo colado ao seu objeto de tranquilização, que é a mãe (ou o pai, claro, ou qualquer pessoa que cuide dele diariamente), porque ainda não consegue se autonomizar.
Gosto de ver a criança como um conquistador. Curiosa, Ávida, é feita para se emancipar. Os pais são treinadores que vão estimulá-la a satisfazer seu desejo de conquista, certificando-a de suas competências e capacidades para realizá-las. Do mesmo modo, a criança não pode se separar de supetão, da noite para o dia. Tem de fazer sua lição de casa antes de partir para se apossar de novos territórios de liberdade. Rastejar de quatro ou se arrastar sobre o traseiro antes de conseguir antar. Ficar algumas horas sem fraldas antes de tirá-las de vez. Nas creches também há a necessidade da separação suave e as mães são onvidadas para uma adaptação progressiva, ficando algumas horas com o filho antes de deixá-lo o dia inteiro.
Como o sono é de fato uma separação, é preciso ensinar a criança a domá-lo. Os pais devem fazê-lo gradualmente. Deixar uma luz acesa ou a porta aberta para que a criança não se sinta isolada e abandonada. Ficar com ela o tempo que dura uma história, uma música, um carinho. Não forçá-la a dormir, mas sim autorizá-la a brincar um pouco, e regularmente ir ver se está tudo bem." Marcel Rufo