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Atendimento de Adolescentes, Adultos, Idosos. Sessão Individual, Casal e Familiar, em Consultório ou em Domicílio (para casos específicos). Orientação Psicológica Online via Skype.

Anorexia e Bulimia Nervosa - Quem são os anoréxicos e os bulímicos?

São pessoas com auto-estima rebaixada, que sofrem de intensa distorção da imagem corporal e sentimentos de desesperança. Evidenciam a preservação da capacidade intelectual – enquanto potencial, apesar da impossibilidade de utilização eficiente de todos os recursos cognitivos-racionais devido à invasão dos afetos, gerando acentuado sentimento de ineficiência. O controle de impulsos dos pacientes é deficitário, podendo ocorrer episódios de auto e hetero agressividade, que colocam em risco tanto a própria integridade física como das pessoas do ambiente circundante.
Essa configuração da organização afetiva, além de interferir no aproveitamento pleno dos recursos intelectuais, acaba prejudicando também a qualidade dos relacionamentos interpessoais, que são temidos e marcados pelo desejo de aprovação e extrema insegurança.
Devido aos intensos conflitos psicológicos experimentados, o relacionamento com as figuras parentais aparece permeado por marcada ambivalência emocional, prejudicando o processo de individuação e separação psicológica em relação aos pais, o que remete às questões de autonomia versus independência como uma tarefa ainda não elaborada. A falta de elaboração dos conflitos psíquicos vivenciados na internalização das imagos parentais compromete a consolidação da identidade pessoal. Em decorrência da frágil estrutura egóica, em situações de maior vulnerabilidade psíquica os pacientes com transtornos alimentares recorrem a movimentos regressivos, na tentativa de se defenderem de vivências catastróficas de dispersão e perda dos limites da própria identidade. Isso se manifesta na tenacidade com que tentam preservar um padrão de relacionamento infantil com seus pais, agarrando-se a vínculos simbióticos – uma fusão eu-outro mortífera, que embaralha as fronteiras que definem a subjetividade – obstruindo os movimentos expansivos que normalmente impulsionam o adolescente na rota do crescimento emocional.
É bastante freqüente que esses pacientes, no início do tratamento, acentuem uma tendência a negar a existência da doença, associando o transtorno alimentar a um estilo de vida excêntrico, porém válido, resultante de uma opção consciente a qual eles alçaram de forma deliberada, após examinarem várias alternativas. Abraçados aos seus sintomas sentem-se, inclusive, diferenciados da maioria dos mortais, uma vez que se consideram dotados de um estilo peculiar de levar a vida. Conseqüentemente, mostram-se em geral refratários ao tratamento ou, quando menos questionadores, apresentam uma aderência superficial ao esquema terapêutico proposto.
Essa atitude de reserva em relação ao atendimento em geral reflete-se em uma atitude de desconfiança – que por vezes se traduz em manifestações de franca hostilidade e explosividade no relacionamento com algum profissional da equipe. Contudo, com a evolução do tratamento e o fortalecimento do vínculo com a psicóloga, tendem a reconhecer a necessidade de atenção especializada, embora uma parcela de pacientes ainda permaneça ambivalente em relação ao atendimento, guardando uma atitude defensiva de aparente indiferença e calculado distanciamento emocional. Na medida em que a desconfiança foi abrandada e outras experiências emocionais abriram caminho para que se criassem condições para um relacionamento amistoso, pôde-se perceber uma maior permeabilidade aos afetos. O que sugere que esses pacientes podem se beneficiar de um tipo de psicoterapia que favoreça o exame do estado emocional vivenciado no aqui-e-agora, possibilitando assim uma experiência emocional corretiva.


Fonte: http://www.fmrp.usp.br/revista/2006/vol39n3/6_perfil_psicologico.pdf