Segredos provocam sintomas.

Não sinto alegria e prazer em ver meus pacientes sofrendo ao expor seu passado e tudo que viveram. Mas muitas vezes é preciso chegar ao sofrimento para que os problemas sejam resolvidos, e ajudar a elaborar essas questões é o meu trabalho. Expor vulnerabilidades e encarar questões desagradáveis sepultadas há tempos é a etapa preliminar necessária e, às vezes, a parte mais fácil. Difícil é transformar o reconhecimento em mudança de comportamento. Se o reconhecimento não for internalizado, sentido e elaborado, nada vai mudar. A compulsão para repetir atos e pensamentos autodestrutivos não é, de modo algum, contestada. E a solução para esse padrão de repetição mais profundo e inconsciente está no passado. É preciso descobrir a origem dos conflitos, tornar consciente o que está inconsciente, perceber a si mesmo de forma diferente e assim, ter a liberdade de escolher o quer ser e fazer. A terapia revela coisas que gostaríamos de manter ocultas, inclusive de nós mesmos. Mas é a única maneira de interromper o ciclo de repetição. (O ciclo da Auto Sabotagem)

Eu psicólogo...

Quanto à mim, não sou um mero expectador no processo. Mantenho uma atenção flutuante, com consciência do que e como está sendo comunicado. Assim, posso chamar a atenção do paciente para o que realmente é expressivo, o encorajando a escutar o que disse e perceber suas implicações. Minha função é salientar e articular as conexões, conduzir insights. E sim, tenho compaixão, medo. E fico triste. Sinto alegria com descoberta da possível renovação. Eu me preocupo. Eu sinto. Intensamente. O que tenho a oferecer é a oportunidade de efetivarem a mudança. Os pacientes vem ao meu encontro porque superficialmente querem mudar, mas há outra parte deles que teme a mudança. Estamos os dois, paciente e terapeuta, embarcando numa viagem por uma selva desconhecida. A diferença entre nós é que eu já estive em outras selvas – não nesta, mas em outras.(O ciclo da Auto Sabotagem)