Existem duas maneiras de perder e de se separar. Às vezes, a decisão é nossa; às vezes, somos submetidos a isso. No primeiro caso, a perda se torna suportável, porque podemos controlá-la; no segundo, é mais difícil. Quando nossos pais morrem, quando somos abandonados por uma pessoa que amamos, todos nós, crianças e adultos, ficamos à mercê desse sentimento de abandono que provoca um desespero absoluto.
O medo do abandono é sem dúvida uma das coisas mais bem distribuídas do mundo. Ninguém nunca conseguirá se livrar desse medo totalmente. É como se no fundo de nós existissem guardadas as marcas do tempo da fusão mãe/filho em que não podíamos satisfazer sozinhos nossas necessidades e a angústia de que a ausência da mãe se prolongue indefindamente nos pondo em perigo de morte. No fundo de cada um de nós há uma criança insegura adormecida.