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O poder da respiração

A respiração é uma das ferramentas mais fáceis de se por em prática contra o stress e, felizmente, das mais eficazes.
Como funciona?
Quando nos sentimos estressados frente a algum acontecimento (bom ou ruim) é deflagrado em nós um mecanismo de resposta automática de ação. Este padrão faz parte do repertório do ser humano desde os seus primórdios: em uma situação de perigo, para literalmente “salvar sua pele”, ele precisa decidir entre lutar ou fugir.
Os sintomas
Seu metabolismo supre as condições necessárias para agir, através de uma descarga de adrenalina que freqüentemente vem acompanhada de:.
1-    sudorese
2-    aceleração dos batimentos cardíacos
3-    respiração ofegante
4-    dilatação das narinas
5-    empalidecimento
6-    sensação de “bolo no estômago”
Soa familiar?
Não é para menos… vamos entender… a ação para a qual o metabolismo está se preparando (lutar ou fugir), precisa de:.
1- controle da temperatura corporal
2- maior necessidade de fluxo sanguíneo
3 e 4 -maior necessidade de entrada de oxigênio
5 e 6- desvio de toda energia disponível para os movimentos voluntários (ao invés dos involuntários, como a digestão).
Perceba a correlação entre os sintomas e suas funções, combinando os números das duas listas.
Quando sentimos esses sintomas, basicamente é porque somos “reféns” do processo evolutivo do qual resultamos e, apesar de não fazer sentido nos prepararmos para lutar ou fugir, cada vez que nos deparamos com eventos bons ou ruins, mas que exijam mudança ou enfrentamento, nosso organismo continua entendendo que deve reagir. Como exemplo: uma fechada no transito, uma discussão, um susto ou mesmo um casamento ou nascimento na família.
E onde entra a respiração?
A respiração é a maneira mais rápida e direta que nós temos de nos “comunicar” com nosso metabolismo e sinalizar que não estamos em perigo… de que nós não precisamos mais continuar nos preparando para uma luta ou uma fuga eminente…
Atuar rápida e eficazmente na respiração ofegante, diminuindo gradativamente o ritmo da inspiração e expiração, afeta diretamente o ritmo cardíaco e deflagra toda uma série de reações metabólicas que tendem a desconstruir rapidamente o quadro típico dos sintomas do stress.
Como fazer?
Você já prestou atenção na respiração de um bebê dormindo? Ou mesmo de um cachorro? O que se movimenta mais nos ciclos de inspiração e expiração? O tórax (parte alta do peito) ou o abdômen (região da barriga)?
Experimente você mesmo agora sentar ou deitar de forma confortável e colocar uma mão no tórax e outra no abdômen (próximo ao umbigo), respire normalmente… qual mão se movimentou mais? A de cima ou a de baixo?
Se for a de cima (como é na maioria das pessoas), significa que você está respirando errado… preencher os pulmões expandindo o tórax é muito mais ineficaz do que promover a dilatação do abdômen. Basicamente quando se respira com a parte alta dos pulmões aproveita-se apenas 30% da sua capacidade volumétrica e isso, automaticamente, exige ciclos mais rápidos de inspiração e expiração de forma a garantir o fluxo necessário de oxigênio.
Ao invés disso, promovendo a respiração abdominal (diafragmática), somos capazes de diminuir significativamente o número de respirações por minuto (mantendo a oxigenação) e isso reflete diretamente no batimento cardíaco. O organismo volta ao equilíbrio (homeostase) e todo o processo de luta ou fuga é interrompido.
Em situações onde somos tomados pela sensação de stress, o melhor que podemos fazer imediatamente é parar e por em prática a respiração abdominal em ciclos gradativamente mais lentos. A sensação de reconquistar a calma e melhor capacidade cognitiva serão conseqüências rapidamente alcançadas.
Para refletir
A resposta à pergunta sobre a respiração do bebê ou do cachorro você já sabe… Nós nascemos sabendo fazer a respiração correta, assim como fazem os animais. Infelizmente vamos perdendo essa capacidade por uma série de fatores notadamente culturais.
Mas é bom refletir, por exemplo, se o habito tido como necessário de manter a barriga retraída ao máximo, rígida de forma a impedir a respiração correta não está cobrando um preço demasiadamente alto.
Patrícia Mantovani e Flávio Mesquita